Adios Bolívia!

Já com saudades, pegamos a estrada, no domingo (16/11), pela manha, rumo à Argentina. Nos primeiros 30km estávamos felizes da vida pensando "ah! o pessoal exagera, essa estradinha de chao até q ñ é ruim". Ñ precisamos de muitos km para mudar o pensamento. Aliás, nem se consegue pensar muito com a cabeça em um liquidificador, pq essa é a sensaçao de transitar sobre as odiadas "costeletas".

Companheiras de estradas: costeletas e...

... areia!

muita areia!

Mas mesmo desorientados foi possível ver algo voando ao lado de nossas cabeças: era a bolha (para leigos, o pára-brisa) da moto que se partiu e, literalmente partiu! Que já na estradinha de Challapata para Uyuni sentiu os efeitos das quase 8 horas de trepidaçao e estava trincada. Otimismo é tudo na vida! "Ah, tudo bem, agora ficou melhor para enxergar os trechos de areia da estrada". Hehe...

Só sobrou uma lasquinha da bolha

A primeira cidade do trajeto fica a 101 Km de um deserto sem fim, nada, ninguém. Estava ansiosa pra registrar a tal cidade com esse nome tao bizarro: Atocha. Mas chegando lá vi que além do nome, outras coisas eram estranhas... Como o esgoto que corria a céu aberto e que tivemos q cruzar de moto. Ou melhor, só o Marcelo cruzou, porque eu desci antes pois queria ver "uma coisinha" na ponte de travessia de pedestres. Valeu a parceria!!! hahaha...

Essa dai é Atocha. Peguei o melhor angulo que pude, juro!

A segunda cidade, Tupiza, 110 km depois, tem uma beleza natural encantadora. Sao formacoes rochozas grandiosas e lindas, parecem desenhadas e contrastam com o verde das vegetaçoes, antes raro na paisagem. Paramos em um bar e tomamos um refrigerante. Um moço muito empolgado com motos e simpático, bateu papo e tirou fotos dos filhos na nossa motoca. Ele nos informou que logo adiante "a estrada desviava NOS rios", ok, as vezes o pessoal fala rápido e entendemos errado, deve ser "a estrada desviava DOS rios".

Notícia ruim: entendemos certo mesmo, era por dentro dos rios. Notícia pior ainda: o que eles chamam de "rios" era um esgoto. O Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, era perfumado perto do "rio" deles. Mas fazer o q... seguimos. Ah... e para quem ficou com peninha do Marcelo sem parceria, em Atocha... agora ñ tinha pontezinha d pedestres, hehe... O amigo d barzinho em Tupiza, nos disse q o tal desvio acontecia umas 3 vezes. Foram quase 10!!!! Nojento mesmo.




Olhem o esgoto, digo, rio, que atravessamos. Se foto tivesse cheiro...

O primeiro foi o pior. Estava fundo, tapava toda roda da moto, e com correnteza forte. Sambamos, mas ñ nos entregamos. Ah!!! Esse meu piloto! Mas o medo ñ era cair, era ficar molhado com aquela água "límpida e perfumada". Lá pela quarta travessia do podrao, digo, do rio, um caminhao tipo "pau-de-arara" se compadeceu da nossa situaçao e começou a passar primeiro e do outro lado nos esperava, para o caso de precisarmos de alguma ajuda. Tinha que ver a alegria do povo a cada chegada nossa! Parecia que estavámos chegando em primeiro na Sao Silvestre! "We are the championsss!!!!".

Passado o desvio "NO RIO", o otimismo volta: "Ah, mas por um lado foi bom, essa água potente do rio tirou todo o sal acumulado do Salar, esse sim poderia até corroer a moto". Bom, assim fomos, molhados com "coliformes fecais" até o joelho e tentando sair de trás do, outrora nosso amigo, caminhao pau-de-arara que agora nos tapava de poeira, que grudava nas roupas úmidas. Uma coisa linda de se ver!!!

Logo depois, umas costeletas amigas nos permitiram pegar uma boa velocidade, a ponto de chegarmos à Villazón, última cidade da Bolívia. Como ainda era dia, decidimos fazer os tramites de aduana e passar para a Argentina, na cidade de La Quiaca. O policial da Aduana olhou por cima uma das malas, perguntou, rindo, se carregávamos pó, respondemos q ñ e seguimos em frente!

Na frente de um hotel, decidiamos quem estava menos pior para ir se informar. Pois, já passamos por situaçao de ver um hotel às moscas e dizerem q estava lotado, só porque estávamos "meio sujinhos". Mas nos olhamos e dissemos "Tô pagando!". Fomos os dois. Gravem esse nome: Hotel de Turismo La Quiaca. O cara gentilíssimo, como se nada estivesse acontecendo, nos informou sobre os serviços disponíveis (todos) e o melhor, o preço: 90 pesos para o melhor hotel da cidade. Palmas e louvores para o hotel, pois nós ñ teríamos nos aceitado naquela situaçao, hehe!!!

Um jantar tudo de bom e uma Quilmes e tratados como reis no melhor hotel de La Quiaca... Era tuudo que precísávamos.

Um túnel cavado em uma rocha enorme, logo após Tupiza.

Cidade de Tupiza, Bolívia

As formaçoes rochosas na cidadezinha turística

As cores que formam a linda paisagem de Tupiza

Mais rochas e... costeletas